Tem muita gente reclamando dos gostos musicais que caíram nas graças do povo brasileiro. Mas antes de criticar que isso é bom e aquilo é ruim, que tal conhecer um pouco da história da música brasileira? Entendendo como chegamos até aqui, entendemos que não é apenas moda, é cultura. Espero que gostem!
A música brasileira tem como sua maior
influência a música africana, trazida pelos escravos, com seus ritmos frenéticos
e instrumentos rudimentares. Mas esta não foi a única influência que
desembarcou nos portos brasileiros na época da colonização. Os colonizadores
europeus trouxeram o erudito, a dança de salão, os saraus e a música religiosa,
totalmente contrastante com os cantos geralmente uníssonos e responsórios dos
índios. Enquanto, na opinião de alguns historiadores, a mestiçagem dos povos
foi uma desgraça para o Brasil, ela foi elementar para a formação cultural do
país, e só teve seu início oficial após a abolição da escravatura em 1888. A mistura dessas culturas diversas se tornou
responsável pelo que conhecemos como música brasileira hoje.
O primeiro ritmo musical originalmente
brasileiro foi o maxixe, formado a partir de uma mistura entre o
"lundu" (este termo significa umbigada e é uma espécie de samba muito
sensual praticado nas rodas dos escravos) e a "modinha" portuguesa (composição suave, geralmente
romântica, tocada na viola e dançada em salões). Com a umbigada do lundu e a
poesia da modinha a identidade musical brasileira tomava forma. Por volta dos
anos 1880 surgia um novo jeito de se fazer música no Brasil, no subúrbio da
então capital Rio de Janeiro. Era uma forma mais charmosa e chorosa de se tocar
as canções populares vindas da Europa, o que começou a ser chamado de “choro”.
O Choro nascera mais precisamente como uma
forma musical (utilizava-se frequentemente a forma de Rondó) do que como um
gênero de fato. O virtuosismo e o reconhecimento dos músicos eruditos na época
eram notáveis, tanto que os músicos brasileiros também queriam executar tais
obras, mas da sua maneira. O jeitinho brasileiro de se fazer música foi criando
forma, a versatilidade, a improvisação e a habilidade dos músicos se tornaram
características do "choro". Reuniam-se músicos próximos, geralmente
violonistas, flautistas e cavaquistas, e atuavam como "orquestras
portáteis", se apresentando em estabelecimentos comerciais. Um nome
importante do início do Choro, responsável pela formação de vários conjuntos de
músicos, foi o do flautista Joaquim Antônio da Silva Calado, ou simplesmente,
Calado.
As primeiras gravações musicais no país datam
do início de 1900 e acabaram impulsionando a música como negócio e como objeto
de consumo e lazer. Os primeiros encontros sociais para apreciação de música
aconteciam nas confeitarias, onde a alta sociedade se reunia para tomar chá
enquanto ouvia grandes músicos da época.
Também dentre as décadas de 10 e 20 era forte a presença de uma música
feita longe dos grandes centros brasileiros: a música sertaneja. Como exemplo
desta música sertaneja podemos citar a canção Luar do Sertão, composta por
Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, muito diferente da música
sertaneja que conhecemos nos dias de hoje.
O entrudo, como era originalmente chamado o
carnaval de rua, foi trazido pelos europeus para o Brasil no final do século
XVIII. Enquanto as classes média e alta faziam sua folia dentro de salões, com
passeios e bailes de máscaras que imitavam os grandes bailes de Paris, a classe
baixa organizava "cordões carnavalescos" nas ruas, fazendo marchas
pelas ruas e criando, consequentemente, o samba. Diferente do samba que
conhecemos hoje, o samba das marchinhas de carnaval era chamado de "marcha
rancho" e inicialmente era tocado com instrumentos de sopro. Ainda com a
abolição da escravatura, muitos negros saíram da Bahia para viver no Rio de
Janeiro. Esse movimento foi fundamental para a criação do samba por volta dos
anos 1910, e teve como figura importante o músico, compositor e violonista
Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, que gravou o primeiro samba: Pelo
Telefone. O samba chegou ao seu auge com a época de ouro do rádio brasileiro,
na década de 30.
Com o crescimento do rádio e da gravação
elétrica no final dos anos 20, ser musico se tornava oficialmente uma
profissão. As grandes rádios possuíam orquestras que tocavam ao vivo durante os
programas, que eram apresentados em teatros e vistos por plateias. Havia
concursos que elegiam as melhores e mais charmosas cantoras e acabaram criando
verdadeiros deuses e deusas da música brasileira. Como primeiro meio de
comunicação midiático do país, o rádio se tornou uma fonte universal de
informações e entretenimento. Nomes como Carmem Miranda, Ary Barroso e
Pixinguinha surgiram.
Logo a televisão chegou ao país, enquanto ia
tomando o lugar do rádio nas casas das classes sociais mais altas, na década de
50 um novo movimento nascia no Rio de Janeiro. O pontapé inicial da Bossa Nova
foi dado por Elizeth Cardoso, ao gravar o LP intitulado "Canção do Amor Demais".
Logo artistas como João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim surgiram,
inovando a música brasileira. Eram músicas inovadoras, pois suas composições
tratavam sobre assuntos com caráter apreciativo, exaltação da beleza, criadas a
partir de associações entre palavras esteticamente semelhantes, e sua
elaboração harmônica era muito desenvolvida, abusando de escalas e sonoridades
não usadas nos outros estilos brasileiros.
A Bossa Nova se tornou uma referência da
música nacional. Em 1962 um show intitulado "New Brazilian Jazz
Music" aconteceu em Nova York, colocando os grandes nomes do gênero em
evidência em outros países. Tom Jobim foi um dos artistas que foi profundamente
beneficiado com esse show, vendeu muitas de suas músicas para fazer versões em
inglês e acabou vivendo nos Estados Unidos por bastante tempo.
Paralelo ao sucesso da Bossa Nova, um novo
gênero vindo de fora do país começava a interessar jovens no país. O rock de
Elvis Presley e dos Beatles influenciava jovens que também queriam formar suas
bandas em casa. Também interessada nesse sucesso e na repercussão que o rock
causava entre os jovens, um dos canais de televisão da época criou a
"Jovem Guarda". O programa conquistou fãs de todas as idades,
tornando-se popular e literalmente ditando moda, já que era possível encontrar
muitos jovens nas ruas com roupas semelhantes aos ídolos da televisão. Nomes
muito importantes do movimento eram Roberto Carlos, Wanderléa, Nalva Aguiar,
entre outros.
Os canais de televisão faziam grandes
festivais em teatros, onde apresentavam muitos artistas ao público a cada
edição. A MPB (música popular brasileira) estava se formando, tanto como
movimento cultural como protestante contra a ditadura militar no país, e
apresentou ao público nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Edu Lobo. A
transição para a década de 1970 foi marcada pela consolidação da MPB, termo que
sugeria um tipo de música mais sofisticada do que a feita em outras tendências
também populares dentro da música brasileira. Com o passar dos anos mais artistas
despontavam, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Elis Regina e Maria
Bethânia.
Logo após a MPB, outros dois movimentos
tomavam espaço: a Tropicália e o Iê-Iê-Iê. O movimento tropicalista
caracterizou-se por associar numa mistura de elementos da cultura pop, os
baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os principais expoentes desse
movimento. Já o Iê Iê Iê ligava-se basicamente ao rock genuinamente produzido
no exterior, embora no Brasil tenha suavizado adotando uma temática romântica
em uma abordagem geralmente mais ingênua que a música internacional. Teve como
grandes nomes Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia, Wanderléa, José Ricardo,
Wanderley Cardoso e conjuntos como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, The
Fevers.
Durante os anos oitenta nascia dentro do rock brasileiro o
movimento BRock, com o surgimento de artistas como Blitz, Paralamas do Sucesso,
Titãs, Ultraje a Rigor e Legião Urbana. No final da década de 1980, gêneros
populares ou regionais como o sertanejo, o pagode e o axé music passaram a
ocupar espaço considerável nas emissoras de rádio FM e canais de TV.
A música não parou desde então. Grandes nomes desses estilos
citados passavam de um movimento para o outro, enquanto construíam suas
carreiras. Muitos estão vivos e ativos artisticamente até hoje. Roberto Carlos
se tornou “o rei do pop”, Paralamas do Sucesso, Titãs, Caetano Veloso, Gilberto
Gil, entre tantos outros, continuam na mídia com trabalhos recentes.
Esse texto foi escrito por Adriane Fernandes (Drika) e sua reprodução, total ou parcial, sem citar a fonte é crime e mamãe acha feio. NÃO COPIE, ENTENDA!





É difícil resumir a música brasileira em um unico post, mas certamente você colocou as principais vertentes do que temos de melhor hoje em nossa terra. Toda essa transformação da música, que envolveram, principalmente, aspectos políticos, contribuiu e ainda contribui para nosso desenvolvimento pessoal. Post bem legal! xD
ResponderExcluir:)
ResponderExcluirparabéns muito bom seu blog ja sou seguidora...
ResponderExcluirParcialmente ligeiro, mas muito bom!
ResponderExcluirParabéns.
Gostei muito! Assim resumido dá para entender bem. Obrigado e um abraço.
ResponderExcluirlegal , mais e cantores como luiz gonzaga ?
ResponderExcluirO assunto é a origem da musica brasileira e não os cantores
Excluirfoi muito bom usar no meu trabalho...obrigado!!!
ResponderExcluirme ajudou bastante no meu mestrado obrigada ><
ResponderExcluirConsiderações excelentes!!! Parabéns!
ResponderExcluirA música é vida
ResponderExcluirBEM! Eu tenho um código IMVU créditos gratuitamente! Eles estão dando-lhes aqui afastado http://imvucreditsgenerator.com
ResponderExcluirAjudou Muito no meu trabalho de música valeu
ResponderExcluirolá drika,
ResponderExcluirboa tarde,
gostaria de saber quais foram as referencias bibliográficas usadas para a publicação deste texto?
att
kelwym afonso
Boa noite, Drica.
ResponderExcluirTambém gostaria das referências bibliográficas para um trabalho acadêmico.. Se puder repassar, fico muito grata.
Juliana
Fantástico trabalho, só esqueceu-se de mencionar o forró de Luiz Gonzaga no início das décadas dos anos 1900. Jeane
ResponderExcluirMuito útil para o trabalho com jovens adolescentes. Obg.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito interessante
ResponderExcluirMuito interessante
ResponderExcluirinteressante
ResponderExcluirinteressante
ResponderExcluiradoreiiiiii
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirobg, me ajudou muito parabéns
ResponderExcluirQuero saber da história da música mais atual também!!!! por volta de 1948 até 1983!
ResponderExcluirQuero saber da história da música mais atual também!!!! por volta de 1948 até 1983!
ResponderExcluirFaltou comentar sobre o funk
ResponderExcluirMp3tomato é um site que suporta o download de músicas gratuitamente: free mp3
ResponderExcluirAgradeco ao meu professor q pediu para copiar esse lindo texto q e muito pequeno e estou com muita vontade de copiar
ResponderExcluirdaora
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ResponderExcluirMuito bom o texto
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